Logística Reversa no Varejo: Responsabilidades dos Stakeholders

por | jun 16, 2025 | Logística Promocional | 0 Comentários

A logística reversa é essencial para reduzir desperdícios, promover práticas responsáveis e atender à crescente preocupação ambiental. Com taxas de devoluções no comércio eletrónico entre 20% e 30%, este processo tornou-se indispensável para varejistas, fabricantes, consumidores e outros stakeholders.

Principais pontos:

  • Crescimento do mercado: Avaliado em 768,59 mil milhões USD em 2023, com previsão de atingir 1.166,81 mil milhões USD até 2032.
  • Impacto ambiental: Devoluções nos EUA geram 2,6 mil milhões de kg de resíduos e 16 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
  • Responsabilidade partilhada: Fabricantes, retalhistas, consumidores e cooperativas devem colaborar para garantir reciclagem e descarte adequados.
  • Desafios: Custos elevados, falta de infraestrutura, pouca conscientização dos consumidores e regulamentações complexas.

A coordenação entre todos os envolvidos é essencial para superar estas barreiras, melhorar processos e reduzir os impactos ambientais.

1. Retalhistas

Principais Responsabilidades

Os retalhistas desempenham um papel central na logística reversa, atuando como intermediários entre consumidores e fabricantes. São responsáveis por facilitar devoluções e promover métodos adequados de descarte. Para isso, devem implementar pontos de coleta nas lojas, algo já praticado por grandes nomes do retalho no Brasil, como Makro, Kalunga, Casas Bahia, Ponto Frio, Extra, Fast Shop e Tenda Atacado. Além disso, é crucial que os produtos devolvidos sejam tratados de forma responsável, seja através da reciclagem ou da doação. Uma política clara e eficiente de devoluções, trocas e receção de produtos pós-venda é indispensável para garantir o sucesso destas iniciativas.

Boas Práticas

Para gerir a logística reversa com eficiência, os retalhistas devem adotar uma política de devoluções bem estruturada, que inclua prazos, condições e eventuais taxas, além de formar as equipes para oferecer um atendimento rápido e transparente . Outro ponto essencial é a criação de uma infraestrutura adequada para recolher e encaminhar os produtos. Isso pode incluir iniciativas como a compra de embalagens usadas, a instalação de pontos de entrega ou parcerias com cooperativas.

A gestão de dados também é uma aliada importante. Um sistema robusto permite separar o controlo financeiro e de stock de produtos novos e devolvidos, ajudando a otimizar custos e a melhorar a eficiência operacional.

Desafios Comuns

Os retalhistas enfrentam vários obstáculos ao implementar a logística reversa. Um dos principais é o custo elevado. De acordo com um estudo da Ebit/Nielsen, 7% dos custos do retalho online estão ligados a este processo. A falta de infraestrutura, especialmente em regiões rurais, é outro desafio que compromete a recolha eficiente de produtos.

Além disso, a conscientização dos consumidores ainda é limitada. Muitos não sabem como ou onde devolver produtos, o que dificulta a eficácia do processo. Andreia Pedrosa, diretora comercial da Linkmex, destaca:

"A conscientização e a educação dos consumidores sobre a importância da logística reversa são limitadas. Muitos consumidores não sabem como ou onde devolver produtos, o que dificulta a eficiência do processo. Este desafio é agravado pela falta de incentivos claros para que os consumidores participem ativamente".

A regulamentação também apresenta dificuldades. A legislação brasileira sobre logística reversa pode ser confusa e onerosa, afetando especialmente pequenas empresas que, muitas vezes, carecem de conhecimento sobre as leis e de infraestrutura apropriada. Outro entrave é a resistência interna em algumas organizações, que ainda veem a logística reversa como um custo extra, e não como uma oportunidade estratégica. Por fim, limitações tecnológicas e a ausência de sistemas eficientes para gerir o processo continuam a ser barreiras relevantes.

Diante destes desafios, fica evidente a necessidade de colaboração entre todos os envolvidos na cadeia de logística reversa para superar essas dificuldades e melhorar o sistema como um todo.

2. Fabricantes

Principais Responsabilidades

Os fabricantes, assim como os retalhistas, têm um papel crucial na gestão de resíduos sólidos, devendo garantir a reintegração desses materiais na cadeia produtiva. Isso exige não apenas coordenação, mas também a adoção de soluções que minimizem a poluição.

A legislação brasileira determina que fabricantes, importadores, distribuidores e retalhistas trabalhem juntos para assegurar que os resíduos sejam reutilizados, reciclados ou descartados de forma adequada. Como explica Fabrício Soler, advogado e consultor da ONU:

"Logística reversa é obrigação do setor empresarial e não da indústria somente. Por isso se fala em responsabilidade compartilhada".

Para implementar a logística reversa, os fabricantes podem recorrer a três opções principais: regulamentações governamentais, acordos setoriais ou termos de compromisso. Além disso, devem cumprir metas específicas, participar ativamente nos sistemas de logística reversa e relatar os avanços obtidos.

Boas Práticas

Após assumirem suas responsabilidades, os fabricantes precisam adotar práticas que tornem a logística reversa mais eficiente. Isso inclui estabelecer políticas claras de devoluções e trocas e formar equipes especializadas para gerir esses processos.

Uma estratégia eficaz é integrar cadeias de fornecimento de ciclo fechado (CLSC). Diferente das cadeias tradicionais, esse modelo incorpora a logística reversa, assumindo a responsabilidade pelos itens devolvidos para reutilização, reciclagem ou refabrico. Assim, reduz-se tanto o consumo de recursos quanto a geração de resíduos.

Os fabricantes podem escolher entre dois modelos de implementação: coletivo ou individual. No modelo coletivo, os recursos são partilhados, o que resulta em maior eficiência e redução de custos. Já no modelo individual, cada empresa é responsável por todo o planejamento, execução e monitorização.

O setor farmacêutico brasileiro exemplifica bem essa responsabilidade partilhada. Fabrício Soler descreve:

"A farmácia paga para estabelecer o contêiner, o distribuidor paga o frete da coleta do medicamento descartado e a indústria paga a destinação final – exatamente na forma como está na lei. Isso é logística reversa e responsabilidade compartilhada".

Desafios Comuns

Apesar dos avanços, os fabricantes enfrentam desafios significativos na implementação da logística reversa. Um dos principais obstáculos são os custos elevados, agravados pela incerteza sobre a quantidade e qualidade dos materiais devolvidos. Além disso, a infraestrutura de reciclagem é insuficiente em muitas regiões, especialmente fora do Sudeste do Brasil.

Outro problema são as questões tributárias. Especialistas destacam:

"Ao estabelecer sistemas de Logística Reversa, as empresas frequentemente enfrentam desafios decorrentes das disparidades estruturais na cadeia de reciclagem, incluindo questões tributárias, custos logísticos e limitações tecnológicas".

Para superar essas dificuldades, é essencial criar incentivos que tornem o uso de materiais reciclados mais atrativo do que a extração de matérias-primas.

Além disso, a falta de compromisso da gestão e a baixa consciencialização dos consumidores dificultam o progresso. Muitas empresas ainda enxergam a logística reversa como um custo adicional, em vez de uma oportunidade estratégica.

Outro entrave é a ausência de tecnologia adequada, que afeta todas as etapas do processo.

Para enfrentar esses desafios, os fabricantes podem investir em formação de equipes, estabelecer parcerias com cooperativas locais e adotar tecnologias que melhorem o rastreamento e a gestão dos materiais devolvidos .

3. Operadores Logísticos

Principais Responsabilidades

Os operadores logísticos desempenham um papel essencial na gestão do retorno de produtos, abrangendo desde a recolha até ao transporte, armazenamento e redistribuição. Este processo deve ser realizado com segurança, rastreabilidade e em conformidade com normas ambientais. Uma das suas principais tarefas é implementar sistemas que assegurem o acompanhamento de cada produto ao longo de todo o percurso. Além disso, é fundamental otimizar os processos, reduzindo custos e aumentando a eficiência, enquanto oferecem soluções ajustadas às necessidades específicas de cada cliente. Estas responsabilidades exigem práticas operacionais bem definidas, que exploraremos mais detalhadamente.

Boas Práticas

Para garantir uma logística reversa eficiente, é indispensável organizar uma recolha eficaz. Isto pode incluir serviços ao domicílio ou a criação de pontos de recolha específicos. O transporte seguro é outro aspeto crucial, assegurando que os produtos cheguem ao armazém ou fornecedor sem danos. É igualmente importante estruturar o processo em etapas claras, como autorização, recolha, triagem e definição do destino final, minimizando atrasos e custos operacionais.

Outra estratégia útil é diversificar as opções de devolução, permitindo que os clientes escolham entre devoluções por correio ou pontos de entrega. Além disso, a comunicação transparente com os clientes é essencial. Como destaca Caio Reina, CEO e fundador da RoutEasy:

"Uma estratégia de logística reversa eficiente ajuda a empresa a reduzir custos e despesas com transporte e armazenagem".

Desafios Comuns

A gestão da logística reversa apresenta vários desafios significativos. Um dos principais é o elevado custo envolvido, especialmente considerando que cerca de 30% dos produtos comprados em plataformas de comércio eletrónico foram devolvidos ou trocados em 2021. Outra dificuldade é a falta de centros de triagem adequados para operadores logísticos, o que pode atrasar o processo.

A gestão de dados também é um entrave. Monitorizar as razões por trás das devoluções é essencial para identificar problemas na produção ou distribuição, mas muitas empresas ainda operam com sistemas de rastreamento pouco desenvolvidos. Além disso, os fluxos reversos – que incluem recolha, transporte, triagem, reparação ou descarte – são complexos e exigem um esforço operacional significativo.

Para enfrentar estes desafios, os operadores podem apostar em tecnologia, investir na formação das suas equipes e promover a conscientização dos consumidores sobre reciclagem e descarte correto. A colaboração entre fabricantes, distribuidores, retalhistas, operadores logísticos e entidades governamentais também pode fazer a diferença . Superar estas barreiras é essencial para aumentar a eficiência, como será abordado na próxima secção.

4. Consumidores

Principais Responsabilidades

Os consumidores são a peça final da engrenagem quando falamos de consumo e têm um papel essencial na logística reversa. A sua principal missão? Garantir que descartam os produtos de forma correta no final da sua vida útil, ajudando a minimizar o impacto ambiental. Uma das formas mais importantes de o fazer é separar os resíduos corretamente, diferenciando materiais recicláveis de resíduos orgânicos. Este simples gesto facilita a reciclagem e aumenta as chances de reaproveitamento dos materiais.

Outro ponto importante é estar informado sobre como e onde descartar certos produtos, como devolver embalagens ou entregar pilhas e baterias em pontos de recolha específicos. Ao fazer isso, não só contribuem para o sistema de reciclagem, mas também incentivam as empresas a adotar práticas mais sustentáveis. Assim, a participação ativa dos consumidores complementa e reforça os esforços de fabricantes, retalhistas e operadores logísticos.

Boas Práticas

Para que o sistema de logística reversa funcione como deve ser, cada consumidor pode adotar algumas práticas simples e eficazes:

  • Separar os resíduos de forma adequada;
  • Devolver embalagens, pilhas, baterias e equipamentos eletrónicos usados nos pontos de recolha apropriados;
  • Apoiar marcas e empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade;
  • Participar em iniciativas de sensibilização e educação ambiental na comunidade.

Estas ações, embora individuais, têm um impacto coletivo significativo.

Desafios Comuns

Apesar da importância do seu papel, os consumidores enfrentam vários obstáculos que dificultam a sua participação na logística reversa. Um dos maiores problemas é a falta de conhecimento sobre a relevância da reciclagem e do descarte correto. Além disso, a dificuldade em encontrar pontos de recolha acessíveis é um entrave frequente .

Outro desafio é a ausência de incentivos, como descontos ou recompensas, que poderiam motivar mais pessoas a aderir a estas práticas. Somado a isso, há ainda a falta de informação clara sobre como proceder com o descarte e a devolução de produtos . Por fim, a resistência à mudança e a perceção de que adotar novas práticas é algo complicado continuam a ser barreiras importantes .

Superar esses desafios exige um esforço conjunto. Investir em campanhas de sensibilização, melhorar a acessibilidade aos pontos de recolha e oferecer incentivos atrativos são passos fundamentais. Além disso, educar os consumidores sobre os benefícios ambientais e de saúde pública associados à logística reversa pode ajudar a transformar o comportamento e a criar um impacto positivo .

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5. Cooperativas e Organizações de Reciclagem

Principais Responsabilidades

As cooperativas e organizações de reciclagem têm um papel central na logística reversa do setor retalhista, funcionando como uma ponte entre o descarte de materiais e a sua reutilização. A sua principal missão é recolher, separar e encaminhar resíduos para destinos apropriados, promovendo um modelo mais circular e sustentável. Além disso, são parceiras indispensáveis das indústrias, ajudando a reaproveitar produtos usados, embalagens e outros resíduos. Este trabalho não apenas contribui para o cumprimento de metas legais de reciclagem, como a exigência de 30%, mas também gera emprego, rendimento e inclusão social.

"As cooperativas de reciclagem são os principais operadores dos programas de logística reversa de empresas como Coca-Cola, Heineken, Havaianas, Nestlé e Braskem. São fundamentais para o cumprimento de disposições previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos e para garantir sustentabilidade económica, ambiental e social nestes processos" – Alex Macedo, Coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB.

Essa atuação estabelece a base para práticas que tornam a reciclagem mais eficiente e acessível.

Boas Práticas

Para melhorar os resultados das operações de logística reversa, muitas cooperativas têm adotado medidas práticas e eficazes. Apostar em tecnologias modernas e otimizar os processos de reciclagem são estratégias que têm trazido bons resultados. Além disso, a formação contínua dos trabalhadores tem ajudado a desenvolver competências que aumentam a produtividade. Outro ponto importante é a regularização documental, como a emissão de faturas eletrónicas, que promove maior transparência e eficiência nos processos.

Exemplos concretos desse sucesso incluem a cooperativa Recicle a Vida, no Distrito Federal, e a Coopermiti, em São Paulo. Esta última conseguiu reciclar 5.500 toneladas de resíduos eletrónicos em 2022, demonstrando o impacto positivo da logística reversa quando bem estruturada.

Desafios Comuns

Apesar dos avanços, as cooperativas de reciclagem enfrentam desafios que dificultam o seu pleno potencial. Um dos maiores problemas é a limitação financeira, causada por fatores como os baixos preços dos materiais recicláveis, a falta de capital de giro e as dificuldades de acesso ao crédito. Além disso, a elevada carga tributária torna ainda mais complicada a sua operação.

Outro obstáculo significativo é a infraestrutura inadequada. Muitas cooperativas funcionam em espaços que não atendem às suas necessidades, com equipamentos insuficientes ou mal conservados. No campo logístico, os custos elevados de transporte terceirizado e a falta de veículos próprios agravam as dificuldades. Soma-se a isso a escassez de mão-de-obra qualificada e a dependência de intermediários, que muitas vezes dificultam o acesso direto à indústria.

"A logística reversa só existe por causa do trabalho dos catadores… O protagonista é o catador, nós prestamos esse serviço com qualidade" – Aline Souza, presidente da Centcoop.

Além disso, a ausência de apoio governamental e a falta de contratos com remuneração adequada limitam ainda mais o alcance dessas organizações. Esses desafios afetam não só as cooperativas, mas também o desempenho geral do sistema de logística reversa. Para superar essas barreiras, são necessárias medidas como a busca por melhores preços de mercado, incentivos fiscais, infraestruturas adequadas e formação em gestão. Um exemplo claro do potencial de melhoria é o caso de Bauru, onde apenas 6% dos materiais recicláveis vão para cooperativas, enquanto 33,77% dos resíduos que chegam aos aterros poderiam ser reciclados.

Isso mostra que há muito espaço para melhorar e que a colaboração entre todos os envolvidos é essencial para avançar.

LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS

Vantagens e Desvantagens

A logística reversa no setor retalhista traz benefícios claros, mas também apresenta desafios específicos para cada parte envolvida. Uma análise mais detalhada mostra que as taxas de devoluções no comércio eletrónico podem variar entre 15% e 20% no Sudeste Asiático, mais do que o dobro das registadas em lojas físicas.

Stakeholder Vantagens Desvantagens
Retalhistas Redução de custos operacionais ao otimizar processos; Maior satisfação do cliente (92% dos consumidores preferem devoluções simples); Melhoria da imagem como marca sustentável Necessidade de investimentos iniciais elevados em tecnologia e infraestrutura; Gestão complexa de devoluções (cerca de 30% dos produtos de e-commerce foram devolvidos em 2021); Formação contínua das equipes
Fabricantes Recuperação de materiais valiosos; Cumprimento de requisitos legais de Responsabilidade Alargada do Produtor; Produtos remanufaturados podem custar até 70% menos que novos Custos elevados de recolha e processamento; Dependência de parcerias com outros agentes; Dificuldades em rastrear produtos ao longo da cadeia
Operadores Logísticos Expansão de serviços e novas fontes de receita; Especialização em tecnologia avançada; Oportunidades de parcerias estratégicas Necessidade de investir em sistemas de rastreamento avançados; Gestão complicada de fluxos reversos imprevisíveis; Custos adicionais de transporte e armazenamento
Consumidores Facilidade no processo de devolução (79% preferem devoluções gratuitas); Contribuição para práticas mais sustentáveis; Acesso a produtos remanufaturados mais baratos Desconhecimento sobre locais de recolha; Falta de incentivos claros para participação ativa; Necessidade de alterar hábitos de consumo
Cooperativas e Organizações de Reciclagem Criação de empregos e inclusão social; Papel essencial no cumprimento de metas de reciclagem Recursos financeiros limitados devido ao baixo valor dos materiais recicláveis; Infraestrutura e equipamentos insuficientes; Dependência de intermediários na cadeia de reciclagem

A sustentabilidade ambiental é um benefício que atravessa todos os setores. Por exemplo, a reutilização de têxteis tem um impacto ambiental 70 vezes menor, mesmo considerando emissões de transporte global, e cada peça de roupa reutilizada evita 3 kg de emissões de CO₂. Além disso, apenas 0,01% da água usada para fabricar roupa nova é necessária na reutilização.

No entanto, os desafios económicos são consideráveis. Em 2019, o valor global das devoluções atingiu quase 5 biliões de Reais. No Brasil, entre 2010 e 2018, foram recolhidas oficialmente apenas 98 milhões de pilhas, representando apenas 0,9% do total vendido anualmente.

Ainda assim, há sinais de mudança. A consciência dos consumidores está a crescer: 77% dos compradores online na região da Ásia-Pacífico consideram a sustentabilidade um fator importante. Além disso, 83% afirmaram que aumentariam as suas compras online em pelo menos 30% se houvesse um sistema eficiente de logística reversa.

Para que a logística reversa funcione de forma eficaz, é essencial que os retalhistas invistam em sistemas avançados de rastreamento, que os fabricantes estabeleçam parcerias com empresas de reciclagem e que as cooperativas recebam apoio para melhorar a sua infraestrutura e capacitação. A coordenação entre todas as partes envolvidas é fundamental para superar os desafios e maximizar os benefícios.

Conclusão

A logística reversa no retalho só funciona de forma eficaz quando todos os envolvidos trabalham em conjunto: retalhistas, fabricantes, operadores logísticos, consumidores e organizações de reciclagem. Cada um tem um papel essencial que, combinado, cria um sistema mais eficiente. Essa colaboração não só melhora os resultados, como também torna o sistema mais sólido e preparado para enfrentar desafios.

Uma parceria bem estruturada pode trazer benefícios reais, como a redução de custos em até 20% e o aumento dos níveis de serviço entre 5% e 10%.

Outro ponto crucial é o investimento em tecnologia e comunicação para superar os obstáculos da logística reversa. O exemplo do Brasil é notável: o país reciclou 94% das embalagens de agroquímicos e 97,4% das latas de alumínio. Esses números impressionantes são fruto de sistemas integrados que combinam tecnologia avançada, parcerias fortes e uma comunicação eficiente entre todas as partes envolvidas.

Empresas que adotam sistemas de logística reversa conseguem não apenas reduzir custos, mas também melhorar os seus processos. A Viena Log é um exemplo claro de como isso pode ser feito, oferecendo soluções especializadas, um armazém de 3.000 m² dedicado a operações como descaracterização de produtos, além de suporte 24 horas.

"A logística reversa é parte essencial da sustentabilidade, pois impulsiona as boas práticas, a produção e o consumo consciente, interligando todos os componentes que formam esse grande ciclo." – Rodojacto

O futuro da logística reversa no retalho assenta em três pilares: comunicação transparente entre os envolvidos, uso de tecnologia avançada para rastreamento e gestão de processos, e o estabelecimento de parcerias estratégicas para partilhar recursos e conhecimento. Empresas que invistam nestas áreas não só cumprirão as suas obrigações ambientais e legais, como também abrirão portas para novas oportunidades de negócio e reforçarão a sua competitividade no mercado.

A transformação já começou. Aqueles que se adaptarem rapidamente estarão mais bem preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que a economia circular tem para oferecer.

FAQs

Quais são os maiores desafios para os retalhistas ao implementar a logística reversa e como podem ser resolvidos?

Os retalhistas enfrentam vários desafios quando se trata de implementar a logística reversa. Entre os principais problemas estão infraestruturas insuficientes, custos elevados, relutância dos consumidores em devolver produtos e dificuldades em gerir os processos de forma eficiente. Estes fatores podem complicar bastante a operação e dificultar a adoção de práticas mais sustentáveis.

Para ultrapassar estas dificuldades, algumas estratégias podem fazer a diferença. Investir em tecnologias de rastreamento é um bom exemplo, pois permite um controlo mais preciso das operações. Além disso, é fundamental trabalhar na sensibilização dos consumidores, mostrando-lhes a importância das devoluções para o ambiente e para a economia circular. Outra solução passa por estabelecer parcerias estratégicas, que podem ajudar a reduzir custos e a melhorar o desempenho da cadeia logística. Estas iniciativas não só tornam os processos mais eficientes, como também mostram um compromisso claro com práticas mais responsáveis.

Como os consumidores podem colaborar de forma prática na logística reversa e quais benefícios podem obter ao participar?

Os consumidores desempenham um papel essencial na logística reversa ao realizarem o descarte correto de produtos ao final da sua vida útil. Para isso, podem entregar os itens em pontos de recolha específicos ou devolvê-los diretamente às empresas responsáveis. Este gesto simples permite que os materiais sejam reaproveitados, reciclados ou eliminados de forma adequada, contribuindo para práticas mais responsáveis e amigas do ambiente.

Para incentivar essa participação, muitas empresas têm apostado em oferecer vantagens interessantes aos consumidores. Entre elas estão descontos em compras futuras, programas de pontos, brindes ou até mesmo apoio a projetos ambientais. Além de tornar o processo mais apelativo, estas iniciativas mostram um compromisso claro com a sustentabilidade e fortalecem a ideia de uma economia mais circular.

Como a colaboração entre fabricantes, retalhistas, operadores logísticos e cooperativas pode tornar a logística reversa no retalho mais eficiente?

A cooperação entre fabricantes, retalhistas, operadores logísticos e cooperativas desempenha um papel crucial na melhoria da eficiência da logística reversa no setor do retalho. Quando estes envolvidos trabalham em conjunto, conseguem coordenar de forma mais eficaz as etapas de recolha, triagem e reaproveitamento de materiais. Além disso, esta colaboração ajuda a garantir o cumprimento das normas ambientais e a incentivar práticas mais responsáveis.

Ao unir esforços, é possível aproveitar melhor os recursos, reduzir despesas operacionais e diminuir o impacto ambiental. Esta abordagem também facilita a adoção de estratégias baseadas nos princípios da economia circular. O resultado? Um benefício não apenas para o ambiente, mas também um reforço do compromisso social e ambiental das empresas envolvidas.

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